Resumo:
Nos tempos que correm não há dúvida que o êxito escolar está
relacionado com a participação positiva dos pais na educação dos filhos, e que
é a partir de atitudes da escola/professores, que essa participação pode
tornar-se mais assídua, positiva e forte. A visão que vos apresento poderá
traduzir-se na abertura das fronteiras da sala de aulas para outras dimensões
da Escola e fora dela, tornando mais dinâmicos e efetivos os recursos já
existentes.
Neste relatório encontrarão duas propostas que procuram fomentar a
tão importante relação família/instituição: o Caderno vai e vem e o
blogue Os Descobridores em que se solicita e se estreita a colaboração
entre família e instituição, mais especificamente entre família e sala de aula.
A experiência relatada evidencia quão estimulante a utilização destes
instrumentos pode tornar-se no caminho percorrido com as
crianças, quer na Educação Pré-Escolar quer no 1º
Ciclo do Ensino Básico.
Este Relatório não pretende ser apenas mais uma reflexão teórica,
mas sim uma ferramenta de trabalho que possa provocar discussão, ou constituir
um ponto de partida, potenciar ideias, de forma a melhorar a qualidade de
ensino nas nossas escolas e, sobretudo, qualificar a relação família/escola,
tendo como pano de fundo o sucesso educativo e identidade individual e de grupo
da criança.
Considerações finais:
Este trabalho foi bastante
útil na perspetiva de tomada de consciência da minha parte para a
potencialidade dos dois projetos que desenvolvi e vos apresentei. Na altura em
que os apliquei, tinha objetivos delineados para ambos, mas estavam longe dos
objetivos que poderiam alcançar, assim como os benefícios que eu pensava que
representariam estavam longe das vantagens que acabaram por revelar e que já
apresentei nos pontos anteriormente desenvolvidos. Sinto que este trabalho me
ajudou a ver, através de um novo olhar, os aspetos positivos destes projetos,
mas que ainda há outros que não foram explorados, que se encontram, talvez,
intactos, e que só a partir da aplicação futura irão passar a um plano
consciente quando trabalhados e refletidos, como aconteceu neste caso.
Apercebi-me, no decorrer da
minha experiência profissional no contexto descrito, de que muitos professores
duvidam dos benefícios da participação das famílias na escola, receando que
este envolvimento seja uma forma de controlo e fiscalização; no entanto, muitos
outros consideram incontornável a mais-valia dessa contribuição, e é esta que
eu quis realçar com este trabalho.
Porém, a meu ver, há que
provocar uma mudança de atitudes da escola, de modo a que os pais sejam
apoiantes da inovação e defensores da reforma. A escola deve aceitá-los como
seus parceiros fundamentais na educação das crianças de modo a oferecer-lhes a
oportunidade de participarem. Para que tal aconteça, é necessário que as
escolas conduzam o processo do contacto com os pais, não apenas para falar do
progresso académico das crianças, mas também para os ajudar a desenvolver o
conhecimento e a capacidade de que necessitam para compreender os filhos em
cada nível educativo. Contudo, este não é um caminho repleto de facilidades,
segundo Don Davies, é um caminho que requer empenho de todos os intervenientes:
“Eu
tenho aprendido que esse tipo de esforços são arriscados, o que leva a que
muitos os evitem. Alguns são
frustrantes.” (Miguéns, 2008:45).
Como já referi, não cabe
apenas à escola mudar, é também, segundo Rui Maques, “da responsabilidade dos
professores, individual e coletivamente, tanto nas escolas como nas suas
organizações profissionais, melhorar as suas próprias competências e não se contentar
com aquilo que as autoridades públicas estão dispostas ou podem fornecer
“ (1998:47),
têm de apostar na sua própria formação, querer conhecer mais,
fazer mais. Saliente-se, porém, que os professores/educadores precisam, também,
de sentir que o seu trabalho e investimento é reconhecido e, idealmente,
garantido superiormente, constituindo esta atitude um reforço da mudança, na
medida em que a valoriza e legitima.
Também é de reforçar que é
importante atribuir-se à criança um papel ativo, solicitando reações, escolhas,
exploração, tomada de decisões, realização de atividades, que facilitem e
promovam a cooperação entre crianças – em lugar da competitividade – e,
consequentemente, a comunicação, tão importante nestes projetos.
A repetição de experiências
como a que relato neste relatório poderá contribuir para essa mudança, diria,
de mentalidade. Pela minha parte, afirmo que desejo continuar a promovê-las na
minha prática profissional, melhorando os aspetos que se revelarem menos
conseguidos, numa perspetiva de investigação-ação, sempre com o intuito de
estreitar laços entre a escola/professor e a família no objetivo comum do
sucesso das crianças. Outros instrumentos surgirão. E, com eles, novas
experiências, novos relatos e novas reflexões.
“Só uma navegação conjunta- pais, professores, crianças e
adolescentes – pelos oceanos da informação, da comunicação, do conhecimento e,
sobretudo, da vida pode alcançar um são equilíbrio neste presente conturbado.”
(Marques, 1998:17)
Bibliografia:
Marques,
R.; Skibeck, M. & Alves, J. (1998). Na
sociedade da informação, o que aprender na escola? Lisboa: Asa.
Miguéns, M. (2005). Educação e família, conselho nacional de educação. Lisboa:
Ministério da Educação.